2024
Tudo está conectado com as mudanças climáticas: a urgência de agir frente à tragédia no Rio Grande do Sul
Eliana Camejo, CEO & Founder
O que estamos vivenciando no Rio Grande do Sul é um grito de alerta que ressoa para além de nossas fronteiras estaduais, um eco de um desafio global que nos afeta profundamente. A devastação causada por esta enchente no estado não são apenas eventos isolados, são os dramáticos testemunhos de uma das maiores tragédias ambientais já vistas no Brasil. Nós, que estamos no epicentro dessa calamidade, sentimos uma urgência de gritar: por quanto tempo mais vamos ignorar que o aquecimento global e as mudanças climáticas estão intrinsecamente conectados com a realidade que cada um de nós enfrenta?
A cidade de Roca Sales/RS, devastada três vezes em menos de oito meses, é um exemplo do que significa viver sob a sombra constante do desastre. As mudanças climáticas são um desafio que bate à nossa porta, afetando a você, a mim, a todos nós. Não entendo como muitos não querem ver. A natureza está em desequilíbrio por que milhares de anos não cuidamos dela. Os dados e projeções climáticas são claros e alarmantes: a tendência é de agravamento dos eventos climáticos devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa. As temperaturas globais continuarão subindo, o que provavelmente levará a um aumento na frequência e intensidade de eventos extremos, como ondas de calor, secas e tempestades intensas. 2023 foi o ano mais quente e 2024 a temperatura continua batendo recordes assustadores. No Quênia barragens estão se rompendo, em Dubai, em pleno deserto, tivemos uma enchente arrasadora e agora vivemos esta catástrofe no estado do Rio Grande.
A palavra 'sustentabilidade' está muito na moda, mas o que realmente estamos fazendo para manter o mundo sustentável? Esta palavra precisa estar na mente de todos, o tempo todo. No entanto, o que observamos é a terceirização dela e da responsabilidade, quando, na verdade, ela deveria ser um compromisso compartilhado.
É crucial agora, mais do que nunca, reconhecer que os debates sobre mudanças climáticas não podem mais ser apenas teóricos. Precisamos partir para a ação. Devemos focar em soluções práticas e na adoção de políticas que possam mitigar os impactos ambientais e adaptar nossas sociedades às novas realidades climáticas. Cada um de nós tem um papel a desempenhar na busca por um futuro sustentável. Isso inclui desde adotar práticas mais ecológicas no nosso dia a dia até promover políticas ambientais eficazes e investir em tecnologias verdes. Não podemos mais esperar que outros resolvam esse problema por nós. Cada pessoa, empresa, comunidade e governo tem parcela de responsabilidade nessa missão.
Nós, gaúchos, e mesmo sendo paulistana me incluo nisso pois é a cidade que escolhi para viver, estamos vivendo um momento sem precedentes em nossas vidas. Milhares de pessoas perderam tudo, animais foram mortos ou estão perdidos de seus donos, o desespero por água, já escassa nas cidades atingidas, cresce a cada dia. A reconstrução das cidades atingidas e a salvação das pessoas envolvidas exigem recursos imensuráveis, bem maiores se estivéssemos usando em planos preventivos.
É hora de agir. Não estamos aqui para buscar culpados, mas para encontrar soluções e implementá-las rapidamente. Ações como o manejo de bacias hidrográficas, aumento de áreas florestadas com matas nativas e outras medidas podem ajudar a mitigar os impactos dessas tragédias.
Como comunicadores, estrategistas de comunicação, temos o dever de levar adiante essa mensagem, de sensibilizar e mobilizar para a ação. Reconhecendo nossa responsabilidade coletiva e agindo decisivamente, podemos aspirar a um futuro mais resiliente e saudável para nosso planeta e para todas as formas de vida que nele habitam. Não queremos mais testemunhar tragédias como a que estamos vivendo aqui no Rio Grande do Sul.