Eu fico pensando se tenho um pensamento muito simplista ou ingênuo ou se realmente estamos vivendo em uma realidade distorcida onde a lógica e o bom senso foram deixados de lado. Tenho ouvido por aí que o conceito de ESG - Environmental, Social, and Governance, que envolve práticas empresariais voltadas para a sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança corporativa, tem sido alvo de críticas em certos setores, principalmente entre grupos que veem essas práticas como imposições ideológicas. Será que estamos realmente dispostos a ignorar a vasta fundamentação científica e as evidências práticas que sustentam o ESG?

É estarrecedor pensar que, com todos os cientistas, especialistas, técnicos de diversas áreas envolvidas, com os dados robustos que mostram a urgência de ações concretas para mitigar os danos ambientais e sociais, ainda existam aqueles que preferem enterrar a cabeça na areia, alegando que o ESG é uma mera agenda ideológica. Já ouvi tanta coisa absurda, como dizer que ESG é coisa de comunista.

Alguns críticos do ESG argumentam que essas práticas representam uma forma de interferência nos mercados livres. Vamos avaliar. Será que garantir que as empresas operem de maneira ética e sustentável, considerando os impactos ambientais e sociais de suas ações, é realmente uma interferência ou, pelo contrário, é a única maneira de assegurar que tenhamos um futuro? Esses mesmos críticos ignoram os custos imensuráveis que a degradação ambiental e a desigualdade social podem gerar para toda a sociedade, custos esses que, inevitavelmente, caem sobre todos nós, seja na forma de desastres naturais cada vez mais frequentes ou na forma de crises sociais e econômicas.

Desinformação e narrativas políticas

A associação do ESG com o comunismo é uma prova clara de como a desinformação e as narrativas políticas de extremos estão moldando a opinião pública. Chamar o ESG de comunismo é não apenas uma distorção grotesca, mas também um insulto à inteligência de qualquer pessoa minimamente informada. Essa tentativa de desacreditar práticas que visam garantir que nossas empresas e sociedades prosperem de maneira sustentável, só serve para perpetuar a falta de conhecimento e impedir o progresso.

Vamos aos fatos…

1. Estudos demonstram que as práticas de ESG são essenciais para enfrentar as mudanças climáticas. Segundo o relatório do IPCC de 2021, a ação humana é a principal responsável pelo aquecimento global observado desde o século XX, e a implementação de estratégias ESG é fundamental para limitar esse aquecimento a 1,5°C, conforme o Acordo de Paris. Negligenciar essas práticas não é apenas irresponsável, mas potencialmente catastrófico para o nosso futuro coletivo, a fonte é IPCC, 2021.
2. Dados da Oxfam 2021 indicam que a desigualdade social global aumentou durante a pandemia de COVID-19, exacerbando as disparidades existentes. Práticas ESG que focam na responsabilidade social são cruciais para mitigar esses efeitos e promover a equidade. Empresas que adotam estratégias de ESG não só melhoram sua reputação, mas também contribuem para uma sociedade mais justa.
3. Um estudo da Harvard Business Review mostrou que empresas com fortes práticas de governança são mais resilientes em tempos de crise e têm desempenho financeiro superior no longo prazo. A boa governança, parte integrante do ESG, não é uma questão ideológica, mas sim uma estratégia de negócios inteligente e comprovada, informação que vem da Harvard Business Review, 2020 e quem estuda governança corporativa sabe que ela se baseia em 5 princípios básicos como integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade. Esses princípios são de esquerda ou direita?

A minha newsletter trata de reputação corporativa, mas este é um assunto que envolve a sua reputação, a minha e a da sua empresa. Portanto, esse discurso de que ESG é de esquerda ou de direita não é aceitável quando se vê o que está acontecendo com o mundo. O que está em jogo aqui não são ideologias políticas, mas sim a sobrevivência do nosso planeta e a construção de uma sociedade mais justa e responsável.