2024
Furando a Bolha do ESG
Eliana Camejo, CEO & Founder

Termos como mitigação das mudanças climáticas, gases de efeito estufa, emissões de carbono e pegada hídrica são conceitos comuns para nós, mas podem parecer distantes ou complexos para o público em geral, que tem uma necessidade crescente de compreender essas questões.
Em um momento de reflexão comecei a considerar o rumo de nossa abordagem educacional quanto ao tema #ESG. Ocorreu-me que nossa discussão sobre a sigla em inglês (Environmental, Social, and Governance, ou Ambiental, Social e Governança), e #sustentabilidade em sua essência pode estar circunscrita a um grupo restrito que já compreende esses conceitos intrinsecamente. Ficou claro para mim que é essencial transcender essa limitação. É crucial que ampliemos nossos esforços para desmistificar esses termos e tornar a informação mais acessível, promovendo uma maior conscientização sobre como esses fatores impactam nosso planeta e o que podemos fazer para contribuir positivamente. Nós, profissionais de ESG e estrategistas de comunicação, temos a responsabilidade de desmistificar esses temas, apresentando-os de maneira acessível, furando a bolha. Isso é fundamental para envolver mais pessoas na construção de um futuro sustentável, destacando o papel crucial que o ESG desempenha nesse processo.
A relevância dessa reflexão é sublinhada por uma pesquisa realizada em março de 2023 pelo #Google em parceria com a plataforma de pesquisa MindMiners e o Sistema B. O estudo revelou que, apesar da crescente discussão sobre ESG, muitos brasileiros ainda encontram dificuldades em compreender plenamente o que essa sigla representa. Entre os 3.000 entrevistados de todas as regiões e classes sociais do país, 47% não reconhecem marcas que tratem do assunto, e apenas um em cada cinco brasileiros está familiarizado com o conceito de ESG. Esse dado evidencia a necessidade de repensarmos nossa abordagem comunicativa para alcançar uma audiência mais ampla e diversificada.
Estamos diante de desafios sem precedentes, enfrentando mudanças climáticas que resultam em eventos meteorológicos extremos, perda de biodiversidade, poluição dos oceanos por plásticos e uma crescente desigualdade social. Esses problemas podem parecer insuperáveis, mas as soluções se iniciam com ações pequenas, tanto individuais quanto corporativas, que são surpreendentemente poderosas.
Empresas, por exemplo, podem reduzir o desperdício adotando políticas de zero desperdício, reciclando materiais e minimizando o uso de recursos. A adoção de fontes de energia limpa não apenas reduz a pegada de carbono da empresa, mas também pode diminuir custos a longo prazo.
Em casa, economizar energia e reduzir o uso de plásticos são passos simples que todos podemos tomar. Comer de forma consciente, optando por alimentos locais e da estação, também contribui significativamente para diminuir nossa pegada ecológica.
Na esfera comunitária, participar de programas de reflorestamento e apoiar políticas sustentáveis são maneiras de contribuir para um futuro mais verde e justo. Estas são apenas algumas ações para que todos tenham entendimento que esta sigla afeta a todos.
A verdade é que, enquanto as notícias sobre nosso planeta podem parecer sombrias, a capacidade de mudança está em nossas mãos. Este movimento rumo à sustentabilidade e práticas responsáveis de ESG não é apenas sobre salvar o planeta; está intrinsecamente ligado à reputação e ao legado que queremos construir.
Furar a bolha do ESG e expandir essa conversa é um chamado para reconhecer a urgência e a responsabilidade compartilhada que temos, não só com o presente, mas com as futuras gerações. Ao integrarmos esses princípios em nossas vidas e lideranças, estamos escolhendo o tipo de mundo que queremos ajudar a construir. E essa é a essência de um legado verdadeiramente sustentável. O caminho à frente pode ser desafiador, mas é também repleto de oportunidades para ação e transformação.